O QUE É O PHOTOMATON? ― O photomaton é uma cabine fotográfica automática inventada em 1925 nos Estados Unidos por Anatole Josepho. Foi a primeira forma automática de produção de retratos de identificação.


Rapidamente entrou no imaginário colectivo e a literatura e o cinema renderam-lhe homenagem repetidamente. Atingiu o seu apogeu a partir dos anos 50 do século passado, em plena “space age”, e é um dos símbolos do modo de vida americano, urbano e automático.


Artistas como Richard Avedon (Esquire, 1957) e Franco Vaccari (Bienal de Veneza, 1972) usaram-na como ferramenta. Ainda hoje, nas versões contemporâneas, está presente em locais de circulação.
Desde a sua criação, ajudou a identificar centenas de milhões de pessoas em todo o mundo e tornou-se o símbolo moderno de um dos usos mais primodiais da técnica fotográfica: a revelação e fixação da identidade.

QUEM SÃO ESTAS PESSOAS, E QUE VIDAS VIVERAM?  ― Numa era de excesso de estímulos visuais, as imagens esmagam-nos e tornamo-nos indiferentes a elas. Mas perante estes olhares que ignoram o nosso olhar de hoje somos remetidos a uma era em que a imagem fotográfica tinha um valor individual e em que a sua fixação era mais ritualizada.

Ia-se ao fotógrafo, mais raramente ao Photomaton, o retrato era tirado por vezes uma vez por ano, outras vezes menos, quando era requerido para um qualquer procedimento burocrático.


As próprias imagens tinham uma carga que hoje não têm. Antes cada uma valia mais. Hoje mostramo-nos em contínuo. “Aqui estou” é a mensagem repetida hoje em dia.

Antes da fotografia digital e dos meios electrónicos de comunicação a mensagem era “Este sou eu” e, frequentemente, enviavam-se os retratos para familiares ou contactos distantes. Antes como hoje, a fixação da nossa imagem procura cristalizar a nossa ligação afectiva aos outros.

O QUE ACONTECE A ESTES RETRATOS QUANDO PERDEM O SEU CONTEXTO?  ― Os retratos  fotográficos tornam-se órfãos de referencial, provas de identificação que não identificam ninguém, memórias de familiares e amigos cujas ligações não sobreviveram ao tempo e à morte da última pessoa que poderia identificar a vida por trás de cada uma destas imagens.

Resta-nos um bailado de suposições, livre e por isso ficcional. O anonimato dissolve-nos numa sociedade que preza a individualidade, mas que não nos regista nos livros da história.


PHOTOMATON é um trabalho sobre a memória e sobre a ausência, que nos expõe a representações de pessoas que, na verdade, não nos dizem nada sobre elas. Deixam-nos meros traços fisionómicos, sociais, culturais, económicos que pouco ou nada nos permitem concluir sobre a massa consistente que uniu as suas vidas.

PHOTOMATON usa como ponto de partida a cabine fotográfica automática, ainda hoje presente em lugares de transição como as estações de metro, e desenvolve-a para se tornar num museu em miniatura.



(c) Projecto Photomaton 2018.